sábado, 16 de dezembro de 2017

Navio português Adamastor chega ao Rio com estrela lusa para Noel cantar hoje na festa do Jacaré



Aniversário de 107 anos de Noel Rosa 

 festa

16 de dezembro - sábado
  17 horas - lavagem da estátua de Noel
Vinte oito de setembro com São Francisco Xavier
iluminada pelo sol
18 horas - caminhada musical pelas partituras do Boulevard
19 horas - samba choro
Visconde de Abaeté com Torres Homem
 iluminada pela Lua



Como deu no New York Times, hoje pela manhã o navio protuguês Adamastor atracou no cais da Praça Mauá trazendo uma cantora portuguesa, cujo nome não podemos ainda revelar, para abrilhantar a festa de Noel - 107 anos.

A vinda da cantora no Adamastor está relatada nos Lusíadas assim : "

os marinheiros lusos viajavam por mares “nunca d’outrem navegados” com o vento de feição, mas certa noite, uma nuvem escura surgiu sobre a armada e os marinheiros encheram-se de medo.

Mas ela chegou deixando o gigante, que foi transformado em pedra, preso ao Cabo das Tormentas, dizem que a cantora pode ser Thetis.


Enquanto fica o chega não chega, Noel e Gilberto Gil, resolveram cantar Com que roupa para a cachopa.

Agora vou mudar minha conduta
Eu vou pra luta pois eu quero me aprumar
Vou tratar você com a força bruta
Pra poder me reabilitar

Pois esta vida não está sopa
E eu pergunto: com que roupa?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?
Com que roupa que eu vou
Pro samba que você me convidou?

Agora eu não ando mais fagueiro
Pois o dinheiro não é fácil de ganhar
Mesmo eu sendo um cabra trapaceiro
Não consigo ter nem pra gastar


Seu português agora deu o fora
Já foi-se embora e levou seu capital
Esqueceu quem tanto amou outrora
Foi no Adamastor pra Portugal
Pra se casar com uma cachopa

Agora, nosso Noel foi para o camarim provar a camisa nova observado por animais selvagens, vejam :




Para evitar qualquer atrapalho, Jacaré recomenda uma passada no boteco do Arlindo com João Nogueira.

Gripe cura com limão, jurubeba é pra azia
Do jeito que a coisa vai, boteco do Arlindo vira drogaria
O médico tava com medo que o meu figueiredo não andasse bem
Então receitou jurubeba, alcachofra e de quebra carqueja também
Embora fosse homeopatia a grana que eu tinha era só dois barão
Mas o Arlindo é pai d'égua, foi passando a régua, eu fiquei logobão



Tem vinho pra conjuntivite, licor pra bronquite, cerveja pros rins
Traçados e rabos-de-galo pra todos os males e todos os fins
O Juca chegou lá no Arlindo se desmilingüindo, querendo apagar
Tomou batida de jambo, recebeu o rango e botou pra quebrar

Batida de erva-cidreira se der tremedeira ou palpitação
Pra quem tá doente do peito faz um grande efeito licor de agrião
E toda velhice se acaba se der catuaba prum velho tomar
Meu Tio bebeu lá no Arlindo e saiu tinindo pra ir furunfar.


E assim, vamos picar a mula pois a festa na rua está a rua pois a "praça é do povo como o céu é do condor", assim falou Castro Alves

A festa começou, ouçam o hino do Eu sou eu, Jacaré é bicho d'água sendo entoado nas ruas da Vila na voz de Luciano Macedo.

Tem torresminho, tem quiabo, tem poesia que na Vila não se vacila







quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

107 anos de Noel Rosa, festa do Jacaré em Vila Isabel para abraçar o poeta, filósofo e sambista



Aniversário de Noel Rosa 

 festa

16 de dezembro - sábado
de 17 às 23 horas
iluminada pela Lua

 em dois atos e um movimento

Primeiro Ato- o poeta
 Lavagem da estátua de Noel Rosa
 Vinte e Oito com São Francisco Xavier 
 às17 horas
Homenagem ao poeta Noel, Jacaré escolheu As Pastorinhas:
A estrela d'alva no céu desponta
E a lua anda tonta com tamanho esplendor
E as pastorinhas pra consolo da lua
Vão cantando na rua lindos versos de amor

Linda pastora morena da cor de madalena
Tu não tens pena de mim
Que vivo tonto com o teu olhar
Linda criança tu não me sais da lembrança
Meu coração não se cansa
De sempre sempre te amar
Jacaré, ao observar a imagem sobre Noel, percebeu que lá está escrito Odeon, uma das raras salas de cinema que sobrevivem no Rio, chamou seu amigo  ‎Ernesto Nazareth para cantar Odeon com Fernanda Takay 
Ai, quem me dera
O meu chorinho
Tanto há tempo abandonado
E a melancolia que eu sentia
Quando ouvia
Ele fazer tanto chorado
Ai, nem me lembro
Há tanto, tanto
Todo o encanto
De um passado
Que era lindo
Era triste, era bom
Igualzinho a um chorinho
Chamado Odeon


O meu chorinho
Terçando flauta e cavaquinho...


Movimento - o filósofo



Caminhada musical até a Abaeté com Torres Homem
às 18 horas 
Jacaré perguntou então a Noel se a homenagem deveria ser feita com a música Filosofia.
Noel respondeu :
-- Não, a escolha será Não tem tradução pois na década de 30 já se via que "a globo" viria a fazer como o cinema falado americano fez invadindo nossas telas matando índios e impondo produtos dos esteites.
O cinema falado é o grande culpado da transformação
Dessa gente que sente que um barracão prende mais que o xadrez
Lá no morro, seu eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone.. 


...Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia...

Segundo Ato - o sambista
 

Roda de Choro Samba
Esquina de Visconde de Abaeté com Torres Homem
de 19 às 23 horas  

Nesse, o jacarense Jairo, disse assim:

- Aracy assume a batuta !

E assim se fará com :

Quem acha vive se perdendo
Por isso agora eu vou me defendendo
Da dor tão cruel desta saudade
Que por infelicidade
Meu pobre peito invade

Por isso agora lá na penha
Vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração

Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia




Por isso agora lá na penha
Eu vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração

Batuque é um privilégio
Ninguém aprende samba no colégio
Sambar é chorar de alegria
É sorrir de nostalgia
Dentro da melodia

Por isso agora lá na penha
Eu vou mandar minha morena
Pra cantar com satisfação
E com harmonia
Esta triste melodia
Que é meu samba em feitio de oração  
João Nogueira para cantar no Jacaré:

 À festa, assim falou Noel Rosa

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Do Estácio à Vila , Ismael e Noel numa grande festa em 16 de dezembro no Eu sou eu, Jacaré é bicho d'água


Aniversário de Noel Rosa 
 festa
16 de dezembro - sábado
 em dois atos e um movimento

Primeiro Ato

 Lavagem da estátua de Noel Rosa
 Vinte e Oito com São Francisco Xavier 
 às17 horas




Movimento : 

Caminhada musical até a Abaeté com Torres Homem
às 18 horas  


Segundo Ato 

Roda de Choro Samba
Esquina de Visconde de Abaeté com Torres Homem
de 19 às 23 horas  



Noel é assim, por isso trouxe Ismael Silva para no seu aniversário cantar com Luiz Melodia:

Nasci no Estácio
Eu fui educada na roda de bamba
Eu fui diplomada na escola de samba
Sou independente, conforme se vê

Nasci no Estácio
O samba é a corda e eu sou a caçamba
E não acredito que haja muamba
Que possa fazer gostar de você

Noel e Ismael Silva

Eu sou diretora da escola do Estácio de Sá
E felicidade maior neste mundo não há
Já fui convidada para ser estrela do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair do Estácio é que é o X do problema

Você tem vontade
Que eu abandone o largo de Estácio
Pra ser a rainha de um grande palácio
E dar um banquete uma vez por semana
Nasci no Estácio
Não posso mudar minha massa de sangue
Você pode ver que palmeira do mangue
Não vive na areia de Copacabana 

Somente para quem ouve a rádio Jacaré, Aracy de Almeida e Ismael Silva metem bronca, até a festa :

                 eu nem tudo que se diz se faz....


                

sábado, 22 de julho de 2017

É hoje a festa do São João do Jacaré com xote, xaxado e baião



Venham todos com roupas coloridas de alegria, assim falou Jacaré



Sábado 22 de julho
de 18 às 22 horas
sob a luz da lua
 Visconde de Abaeté com Torres Homem 
 Vila Isabel

Ao som de zabumba, sanfona e triângulo ao vivo



A faixa na esquina é sinal de festa boa do Jacaré,
 
Assim como o mandacaru fulôra na seca

É o sinal que a chuva chega no sertão


Ela só quer
Só pensa em namorar
Ela só quer
Só pensa em namorar...

De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando sonhando acordada
O pai leva ao dotô a filha adoentada
Não come, nem estuda
Não dorme, e nem quer nada...

E por falar em namorar, Jacaré recorda as festas de São João de 2010 e 2011


 Eta, agora o canto é do xodó com Dominguinhos para as jacarenses dos lindos sorrisos


Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim
Do meu jeito assim
Que alegre o meu viver


Dentre as milhares de cartas que chegaram para o editor, uma reclama que Jacaré não trouxe para a festa os modernistas Tarsila do Amaral e Cícero Dias,

Pois Tarsila mora no peito dos jacarenses como mostra a camiseta abaixo, com Abaporu. 

Cícero Dias acaba de chegar com sua zabumba estilizada: 




E p'ra provar que a festa vai ser boa, mandacaru fluorou:


Agora o editor do Jacaré vai picar a mula pois a festa está a chegar.

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Anita Malfatti e outros modernistas virão ao São João do Jacaré nesse sábado de 22 de julho


Anita Malfatti enviou duas pinturas para enfeitar a efeméride, com intervalo a viajar de bonde com Oswald de Andrade

Sábado 22 de julho
de 18 às 23 horas
Esquina de Visconde de Abaeté com Torres Homem

Ao som de zabumba, sanfona e triângulo ao vivo


Festas de São João, Anita Malfatti

Bonde

O transatlântico mesclado
Dlendlena e esguicha luz
Postretutas e famias sacolejam

E Oswald nos leva a passear pela cidade a caminha da festa de São João do Jocaré

Festas de São João, Anita Malfatti




Cidade
Foguetes pipocam o céu quando em quando
Há uma moça magra que entrou no cinema
Vestida pela última fita
Conversas no jardim onde crescem bancos
Sapos
Olha
A iluminação é de hulha branca
Mamães estão chamando
A orquestra rabecoa na mata

 

Lamartine Babo mandou uma música feita especialmente para a festa: 





Chegou a hora da fogueira!
É noite de São João...
O céu fica todo iluminado
Fica o céu todo estrelado
Pintadinho de balão...
Pensando na cabocla a noite inteira
Também fica uma fogueira
Dentro do meu coração...

Quando eu era pequenino
De pé no chão
Eu cortava papel fino
Pra fazer balão...
E o balão ia subindo
Para o azul da imensidão...
 
Di Cavalcanti também pintou em saudação à festa









E Raul Bopp fez uns versos p´ra Pagu alusivos ao São João do Jacaré



Pagu tem os olhos moles
uns olhos de fazer doer.
Bate-côco quando passa.
Coração pega a bater.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.





 
Daí o casamento foi formado ao som de Lamartine Babo, jacarense de coração:
 
Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio.
São João disse que não!
São João disse que não!
Isto é lá com Santo Antônio!
Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio.
Matrimônio! Matrimônio!
Isto é lá com Santo Antônio!
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão,
Que eu levava a Santo Antônio.
São João ficou zangado.
São João só dá cartão
Com direito a batizado.
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão,
Que eu levava a Santo Antônio.
Matrimônio! Matrimônio!
Isso é lá com Santo Antônio!
São João não me atendendo,
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso.
Disse o velho num sorriso:
"Minha gente, eu sou chaveiro,
Nunca fui casamenteiro!"
São João não me atendendo
A São Pedro fui correndo
Nos portões do paraíso.
Matrimônio! Matrimônio!




Isso é lá com Santo Antônio!


à festa  à festa à festa à festa à festa à festa à festa à festa à festa à festa à festa à festa







domingo, 16 de julho de 2017

São João do Jacaré dia 22 de julho à luz da lua em Vila Isabel na rua


O forró do Eu sou eu, jacaré é bicho d´água será assim:

Sábado 22 de julho
de 18 às 23 horas
Esquina de Visconde de Abaeté com Torres Homem

Ao som de zabumba, sanfona e triângulo ao vivo




Festas juninas ou festas dos santos populares são celebrações que acontecem em vários países historicamente relacionadas com a festa pagã do solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano) e cristianizada na Idade Média como "festa de São João".



 

Olha pro céu meu amor
Veja como ele está lindo
Olha pra'quele balão multicor
Que lá no céu vai sumindo
Foi numa noite
Igual a esta
Que tu me deste
O teu coração

O céu estava
Todinho em festa
Pois era noite de São João
Havia balões no ar
Xote e baião no salão
E no terreiro o seu olhar
Que incendiou meu coração



 E agora Jacaré, de Caruaru, mostra como será a quadrilha na nossa esquina: 




Vai ter xote, assim falou Jacaré com Alceu Valença  cantando João do Vale 



 Pisa na fulô, pisa na fulô
Pisa na fulô
Não maltrata o meu amor

Um dia desses
Fui dançar lá em Pedreiras
Na rua da Golada
Eu gostei da brincadeira
Zé Cachngá era o tocador
Mas só tocava
Pisa na fulô

...

Pisa na fulô, pisa na fulô...
De magrugada Zeca Cachangá
Disse ao dono da casa
"Não precisa me pagar
Mas por favor
Arranja outro tocador
Que eu também quero
Pisa na fulô"

  Vai ter xaxado também com Luiz Gonzaga e os cabra de Lampião no  filme Hoje o Galo Sou Eu de 1958



E vai ter baião com Gonzaguinha falando como Luiz Gonzaga inventou a zabumba e triângulo:

Como se dança o baião
E quem quiser aprender
É favor presta atenção
Morena chegue pra cá,
Bem junto ao meu coração
Agora é só me seguir
Pois eu vou dançar o baião

...



A festa homenagerá o jacarense Aldo que partiu para dançar quadrilha com São João e que Drummond lhe fez esses versos como se vê na foto abaixo:



Quando nasci, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida

As casas espiam os homens
Que correm atrás de mulheres
A tarde talvez fosse azul
Não houvesse tantos desejos

O bonde passa cheio de pernas
Pernas brancas pretas amarelas
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração
Porém meus olhos
Não perguntam nada

O homem atrás do bigode
É sério, simples e forte
Quase não conversa
Tem poucos, raros amigos
O homem atrás dos óculos e do bigode

Meu Deus, por que me abandonaste
Se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco

Mundo mundo vasto mundo
Se eu me chamasse Raimundo
Seria uma rima, não seria uma solução
Mundo mundo vasto mundo
Mais vasto é meu coração

Eu não devia te dizer
Mas essa lua
Mas esse conhaque
Botam a gente comovido como o diabo





E vamos à festa...

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Alegria, alegria nos olhos verdes da mulata, assim falou Jacaré com Noel Rosa para a festa de sexta - 24 de fevereiro comemorando 6768 anos arte


é Alegria, Alegria 

  Baile infantil às 17 horas

 Baile adulto às 20 horas

numa deliciosa batalha de confetes
sob a luz da dindinha Lua

Visconde de Abaeté com Torres Homem
Vila Isabel

 

São cinquentas anos do Tropicalismo digeridos antropofagicamente, pois só a antropofagia nos une, com Noel Rosa,  Semana de Arte Moderna e Woodstock.

Jacaré vai aos números em anos arte somando 1922 da Semana de Arte Moderna, 1967 do Tropicalismo, 1969 do Woodstock 1910 de Noel Rosa são pois:

                 Sete mil, setecentos e sessenta oito anos arte
                        ao                                                  som                   de

Caminhando contra o vento                    O sol se reparte em crimes,
Sem lenço, sem documento                    Espaçonaves, guerrilhas
No sol de quase dezembro                      Em cardinales bonitas
Eu vou                                                     Eu vou
Em caras de presidentes                            Por entre fotos e nomes
Em grandes beijos de amor                        Os olhos cheios de cores
Em dentes, pernas, bandeiras                    O peito cheio de amores vãos
Bomba e brigitte bardot                             Eu vou
O sol nas bancas de revista
Me enche de alegria e preguiça
Quem lê tanta notícia
Eu vou

Por que não, por que não



Ela pensa em casamento                                 Eu tomo uma coca-cola  
E eu nunca mais fui à escola                           Ela pensa em casamento
Sem lenço, sem documento,                           E uma canção me consola
Eu vou                                                             Eu vou

Por entre fotos e nomes
Sem livros e sem fuzil
Sem fome sem telefone
No coração do brasil



Ela nem sabe até pensei                     Sem lenço, sem documento
Em cantar na televisão                       Nada no bolso ou nas mãos
O sol é tão bonito                                Eu quero seguir vivendo, amor
Eu vou                                                 Eu vou

Por que não, por que não...

E um curioso passante perguntou ao Jacaré:

- O que tem Noel Rosa a ver com a Tropicália ?
- Tudo, respondeu Jacaé sem mais delongas

Noel é como a Mangueira, não tem explicação como cantou Clementina de Jesus, que Noel a considera uma grande tropicalista.


Vista assim do alto,
Mais parece o céu no chão.
Sei lá,
Em Mangueira a poesia
feito o mar se alastrou,
E a beleza do lugar...
Pra se entender, tem que se achar,
que a vida não é só isso que se vê,
é um pouco mais.
Que os olhos não conseguem perceber,
E as mãos, não ousam tocar,
E os pés, recusam pisar.


Reparem o verde e rosa em Noel


Sei lá, não sei, sei lá, não sei lá...
Só sei que toda a beleza de que lhes falo,
Sai tão somente do meu coração.

Em Mangueira a poesia,
Num sobe e desce constante,
Anda descalço ensinando,
Um modo novo da gente viver,
De cantar, de chorar, de sofrer.

Sei lá, não sei, sei lá, não sei lá,
A Mangueira é tão grande
Que nem cabe explicação.


Dando os trâmites por findos, Jacaré exalta a mulata que alguns blocos da Liga das Chatices e Caretices resolveram retirar de seus repertórios:

- Salve a mulata ! Ala la ô !


Chega de pré conceito, amar é preciso, assim Jacaré leu o belo  artigo da historiadora Lita Chastan, na página de Lígia Benevides.

 "História da Península Ibérica, que a palavra mulata é corruptela do termo árabe muwallad (mualad, mulad, mulata).
 .
Muwallad, mualad, mulad, mulata. Palavra doce e musical."


Caribé


Cantemos pois, tropicaliamente, OS OLHOS VERDES DA MULATA, com Caetano e Gil em Tropicália


Sobre a cabeça os aviões
Sob os meus pés, os caminhões
Aponta contra os chapadões, meu nariz

Eu organizo o movimento
Eu oriento o carnaval
Eu inauguro o monumento
No planalto central do país

Viva a bossa, sa, sa

Viva a palhoça, ça, ça, ça, ça

“La mulata Cartagenera”, 1940,
 de Enrique Grau Araújo


O monumento é de papel crepom e prata
Os olhos verdes da mulata
A cabeleira esconde atrás da verde mata
O luar do sertão


O monumento não tem porta
A entrada é uma rua antiga,
Estreita e torta
E no joelho uma criança sorridente,
Feia e morta,
Estende a mão

Viva a mata, ta, ta

Viva a mulata, ta, ta, ta, ta


No pátio interno há uma piscina
Com água azul de Amaralina
Coqueiro, brisa e fala nordestina

Lan, do acervo pessoal de um jacarense

E faróis
Na mão direita tem uma roseira
Autenticando eterna primavera
E no jardim os urubus passeiam
A tarde inteira entre os girassóis

Viva Maria, ia, ia
Viva a Bahia, ia, ia, ia, ia

No pulso esquerdo o bang-bang
Em suas veias corre muito pouco sangue
Mas seu coração
Balança a um samba de tamborim

Emite acordes dissonantes
Pelos cinco mil alto-falantes
Senhoras e senhores
Ele pões os olhos grandes sobre mim

Gabriela, Sônia Braga, Aquarius
Prêmio Ibero-Americano de Cinema Fênix

Viva Iracema, ma, ma
Viva Ipanema, ma, ma, ma, ma

Domingo é o fino-da-bossa
Segunda-feira está na fossa
Terça-feira vai à roça

Porém, o monumento
É bem moderno
Não disse nada do modelo
Do meu terno
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem
Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

Viva a banda, da, da
Carmen Miranda, da, da, da da.

FORA TEMER, assim falou Jacaré


Aquarius: a resistência é um lugar solitário

O filme de Kleber Mendonça Filho é a história de uma mulher que se recusa, ponto. E assim resistimos; sozinhas, mas todas juntas.