terça-feira, 9 de julho de 2013

A jornada de cada qual está de ante mão fixada, assim falou Jorge Luis Borges. Então a festa da primavera haverá.



Será ?  Assim perguntou  Jacaré


No âmago da porfiada jaula, ligeira,
A pantera reitera seu tedioso desatino
Que é, à revelia, seu trágico destino:
Ser a jóia negra, a aziaga prisioneira.
Mil delas passam, milhar sobre milhar,
Todas retornam, mas é única e eterna



A fatal pantera, que em sua caverna,
Traça a reta que um Aquiles milenar
Traça no sonho sonhado pelo grego.
Desconhece as pradarias e campanhas
Pródigas em cervos cujas entranhas
Saciariam enfim seu apetite sôfrego.
O cosmo é vário e vão, pois a jornada
De cada qual é de antemão fixada.


Nessa sofreguidão,  Jacaré solidário à pantera canta Tente passar pelo que estou passando ... tente apagar este teu novo engano, tente usar a roupa que eu estou usando... Pérola Negra...



Mas pantera e pérola, vossa missão é começar a preparar a Festa da Primavera que está fixada, assim falou Jacaré.

- Pérola e pantera não fazem festa, nós somos usadas para enfeitar as festas que vocês,  humanos, fazem mas às vezes um humano vacila e é comido pela pantera.

- Outras vezes, vocês, humanos, ao me mastigarem encontram em mim uma pérola mas minha carne pelo tempo passado pode estar passada vos espalhando doenças incuráveis.

e aí ?

A festa será em 21 de setembro
Dia da árvore, e não dia de ostras, pérolas e panteras

esse é o recado p´ra quem quiser ir à festa

decifra-me ou te devoro






Um comentário:

  1. Sobrea a jornada há o que discutir, mas sobre os sentimentos humanos que fazem parte dela, não há o que decifrar, eles são, a exemplo do que falou Pessoa, a eterna inocência. E a inocência é congênita e atemporal, independente de querermos.
    Leila Sales

    ResponderExcluir